Em crentes
Eu cri
De crentes
Fugi
Depois do pacto
Com Satanás
Eu o venero
Apraz
Religião é isso
Amar o iscariote
Encoberto com
Os holofotes
Religião é assim
Do bem
Queremos o mal
AMÉM!
Em crentes
Eu cri
De crentes
Fugi
Depois do pacto
Com Satanás
Eu o venero
Apraz
Religião é isso
Amar o iscariote
Encoberto com
Os holofotes
Religião é assim
Do bem
Queremos o mal
AMÉM!
De um jeito romântico, estava sentado no cemitério sentindo cheiro de Lord Byron, enquanto minhas lágrimas apostavam corrida com a chuva, e ainda não sei quem ganhava.
Vi as flores brancas que colhi para celebrar nosso funesto noivado. Vi sua foto, preto e branca, bela como sempre lembraria.
Ao levantar os olhos de tão fúnebre contemplação, as flores, antes matrimonialmente brancas, estavam cinzas, e não só as flores, as árvores, a terra, os túmulos, minhas mãos, tudo. Não conseguia mais distinguir cores, passei a viver dentro da televisão de antigamente.
Engraçado o mundo sem cor! É viver dentro de uma fotografia séria; passar minutos esperando, até cansar de sorrir, para finalmente ter seu rosto estampando na eternidade de um papel, com feições rígidas do cansaço. Acho que vivi sorrindo com você todos esses minutos, e agora era hora de viver a realidade nas cores que ela é.
Mas não! Não era isso que eu queria! Eu queria as cores, sentia saudade do azul! Mas o que seria do amarelo? Sentia saudade de todas as cores, menos do preto e do branco, que se resumem em cinza, pois era só eles que eu conseguia ver.
Lutei, corri, gritei. Clamei para que as cores voltassem pra mim. Chorei para ver se as lágrimas lavariam meus olhos (ou minh’alma). Não consegui.
Queria o céu, o sol, a lua, a grama, as flores, as folhas, você. E não tinha nada disso.
Percorri o caminho cor-de-mímica até chegar em casa, as pessoas que passavam ao meu redor, olhavam-me com misericórdia desbotada, e falavam em sanatório. Cheguei em casa, sem saber o que fazer, e vi uma de suas bonecas que chorava um chorinho manso de neném; peguei o falso neném, objeto de trabalho de crianças escravas aprendendo a ser mãe, cortei-lhe o ventre, com uma tesoura (bisturi) e achei seu choro, achei o saquinho que fazia o neném sentir fome e rapidamente ser saciado com comida imaginária. Peguei o Saco de Choro, joguei no chão, pisei, joguei na parede e esperei escorrer sangue.
Não escorreu sangue.
E vagarosamente, as cores foram retomando ao meu olho, uma por uma, primeiro o verde, azullilássalmãocresmeraldamarelolivazul, bem frouxamente, fui voltando às cores.
Quanta felicidade, meu amor! O mundo inteiro voltou aos meus olhos.
Menos você.
Precisei tirar a chance de choro de um neném, precisei ser mau! Ou bom, já que o neném não terá mais como chorar. Acho que preciso mesmo de um sanatório, hospício, ou manicômio, tanto faz.
Mas Deus que me livre de uma casa de doidos! Que de doidos já bastam todos esses normais.
Não agüentei ver os olhos dela se fechando tão rápido e tão devagar.
“Por que você tá sempre com sono?”
Ela sorriu, assoprou suavemente meu rosto e respondeu:
“Eu sou o sono.” E continuou a sorrir.
E por um momento, eu senti um pouco daquele sono lamber minha face, senti o sono dela, e quis fechar meus olhos, como ela.
Mas quando esse feitiço passou, olhei para aquela pele alva, que tanto gostava de ver roxa, e senti vontade de bater nela. Vi aquele sorriso branco, tímido e lindo, e quis quebrar seus dentes. Vi seus olhos com olheiras inefáveis, e quis aumentar aquele purpúreo. Só por ela ter feito essa brincadeira infantil, e eu ter caído. Não fiz nada disso, assoprei suavemente o rosto dela e disse:
“Eu sou a raiva”
E não sorri. Tampouco ela sorriu.
Porém, ela olhou nos meus olhos, que diferentemente do dela, eram injetados de sangue, assoprou meu rosto com sua candura vitalícia e disse:
“Eu sou o amor”
Eu olhei para ela, e aquela mulher, aquela menina, era mesmo a personificação do amor. Peguei minhas roupas, bati a porta, fui embora. Nunca mais vi o amor.
Por que eu fui?
Não iria mais enganá-la.
Porque o amor da raiva é o ódio.
Nas festas pagãs
No seio da noite
No seio da cortesã
Estava toda a corte.
A mulher que ardia
Gritava e gemia
Abria-se pelo prazer
E com uma febre terçã
Acabava por padecer.
Com tanta dor
Ia se enfeitar
Para com mais um possuidor
Ter que se deitar.
E assim seguia
Sua triste vida
Esperando o dia
Que talvez consiga
Aprender a amar.
Volta e meia, meu pai tem que fazer algum trabalho braçal em certas obras nos apartamentos que ele aluga. Como o tempo lhe presenteou com umas dores usuais, suas costas e joelhos não o permitem mais dar esses suspiros jovens ao levantar um saco de cimento, agora são suspiros gritantes. Portanto, ele contrata ajudantes de obras que sempre me deixam pensativa, homens que poderiam ser como meu pai era em outrora.
De alguns eu não esqueço, como o Neguin, que tinha cirrose, mas mesmo assim usava a cachaça como dondocas usam suas tarjas pretas. Um dia, após uma bebedeira majestosa, lembro-me de ver Neguin prendendo o vomito com as mãos, para não sujar o quintal, e ao liberar tudo aquilo, lembro-me do sangue que saia com aquela pasta, que nem tentarei descrever o aspecto. Que culpa ele tinha? Que outra fuga poderia ter? Não vejo críticas que possam cair sobre um preto velho que vomita sangue por insistir no que lhe mata aos poucos. O homem não tem saída, ele só procura o beco menos escuro.
Além de Neguin, teve um homem o qual nunca pude conversar, mas lembro de ver aquela figura com mãos e pés de Picasso e Tarsila do Amaral, mas de sorriso estonteante. Não houve uma vez que ele olhou para mim e não lançou aquele sorriso amável, puro, acolhedor, simpático, que sobrepunha todo o trabalho físico do dia e gemidos de dor da noite. Sinto-me muito culpada por não conseguir lembrar seu nome, porém, lembro-me de seu destino; o homem de sorriso cândido foi assassinado. Não se sabe por que nem por quem, mas levou um tiro nas costas e morreu na contramão atrapalhando o tráfego. Um dia, durante um almoço com minha mãe, rodeado por maravilhosos diálogos entre nosso silêncio e qualquer jornal local que passava na televisão, vimos a mulher desse homem protestando contra algo com os necrotérios de Brasília, tinha lágrimas banhando as faces por aquele homem que não teve direito nem de uma pós-morte decente.
Mas hoje um menino me chamou atenção, tinha 18 anos, olhos pequenos e amendoados, o sorriso de um garoto que chupou dedo até bem grande (e pode ser que chupe até hoje), vestia um boné desses que a gente ganha por ai, uma bermuda e blusa suja. Sua mão ainda era um pouco delicada, não tinha marcas de serviços braçais pesados e minha mãe disse que ele chegou em Brasília sem um cobertor para protegê-lo de nossas noites do Saara. Como sempre, meu pai começou a interrogá-lo e ele respondeu com uma voz de difícil compreensão.
“Você bebe?”
“Não, senhor. Bebi uma vez para nunca mais.”
“Por quê?”
“Porque meus irmão tiveram que me amarrar”
Ele riu, e todos os outros também riram. Pelo menos se têm uma certeza temporária que o destino de Neguin ele não seguirá. Meu pai prosseguiu.
“E seu pai, bebia?”
“Não conheci meu pai.”
“Ele morreu?”
“Sim.”
Nessas horas o clima pesa e é como se o pai do menino estivesse ali, olhando atentamente e dizendo “Olha o que você vai dizer.”
“Ele morreu de que?”
“De um tiro.”
“E quem deu o tiro?”
“Ele mesmo.”
E então riu, para quebrar o nervoso, riu o destino do pai, riu do seu destino, que o fez crescer sem uma mão masculina para pedir a benção no interior da Bahia, antes de vir passar frio em Brasília.
“Eu tinha três meses.”
“Ah, então você não se lembra dele.”
“Não.”
“Como foi que ele atirou em si mesmo?”
Aqui meu pai ponderou um pouco antes de dizer o temido “suicídio” entre os católicos.
“Ele era caçador, tinha saído para caçar 3 vezes nesse dia, mas então, a vida que caçou ele, na terceira caçada, ele nunca mais voltou.”
“E onde foi o tiro?”
“No peito”
“Será que não foi um tiro pela culatra?”
O menino ficou incomodado, sem saber o que dizer, sem saber como negar esse eufemismo da realidade de seu “painho” e confirmou com a cabeça.
“Eu só lembro da morte do meu tio, morreu caçando tatu.”
“Como alguém morre caçando tatu?”
“Ele viu uma toca, enfiou a mão e procurou, só encontrou uma cobra. Depois fui atrás da cobra e dei 3 tiros nela, o mesmo tanto de vezes que meu pai foi caçar antes de morrer.”
E então, riu de novo, aquele riso triste para disfarçar a visão da cobra que matou seu tio em instantes, seu tio que só queria trazer um tatu gordinho para casa. Depois de rir, quietou os talheres que segurava com firmeza e fome, parou de mastigar o frango e deixou quieta a montanha de comida que tinha em seu prato, ficou fitando o nada, lembrando dos dois, talvez lembrando de mainha, lembrando dos tempos na Bahia. Ele piscou, balançou a cabeça, tirou a vastidão do olhar, provavelmente porque sua barriga o lembrou da fome, e voltou a comer.
O nome desse menino era Caim, mas esse Caim não matou seu próprio irmão, a casualidade tratou de matar Adão por ele. Esse Caim não matou ninguém além daquela cobra cheia de maldade, tal qual a que corrompeu Adão e Eva, mas mesmo assim ele sofreu os mesmo castigos, teve sua vida sete vezes condenada e sua terra arrasada. Rezemos por esse Caim.
Passamos das horas.
Assim é a tua música, uma pianista que enche a alma dos ouvintes com sua canção surda, por seus dedos percorrendo as teclas sem pressioná-las. Essa é sua beleza, é o que não conseguimos entender, e eu me fixei no que queria tentar estudar.
Mas no momento que a luz se apagou, eu me perdi, só o que escutava eram teus passos no escuro, dançando mais uma valsa surda e triste. Quando finalmente alcancei-te, teu braço em um rápido movimento desvencilhou-se e tua dança prosseguiu; sua boca proferiu um adeus e eu soltei um grito abafado, por ver-te ir embora entre os meus dedos, como uma mão que agarra um punhado de areia, e essa lhe escorre pelos dedos.
Mas ainda dançaremos juntas, e assim será quando as abelhas pararem de zumbir, escutarás o bater das asas das borboletas em tua cabeça, e todo o fel virará mel. Porque teu pecado, minha querida, é amar. Suas penas estão caindo, pois elas ainda estão sendo trocadas, e quando não tiveres mais um rastro de suas penas sujas pelo mundo, estarão todas fincadas em teu corpo, e inteiramente brancas. Mas enquanto isso, continuarás em teu castigo por ter uma alma amarela, continuarão a te açoitar por amar tanto assim.
Eu quero, minha menina, que guardes penitente o teu sorriso, que eu tanto amo, e que é de beleza indescritível para mim. És uma ébria pela amásia da arte, tinhas a ressaca em teus olhos. Não querias ser a escritora da palavra bonita, sempre foste uma trovadora da poesia da vida.
E por mais que estejas longe de mim, eu irei esperar o dia do teu regresso com uma estúpida alegria, minha querida,ver tua pele tão alva quanto tuas penas serão e respirar a poesia que exalas, iremos reviver nossos momentos, e iremos viver de novo.
Eu te amo desde sempre, Ju
Sentado. Esperando. Reclamando. Esperando. E aquele maldito banco da rodoviária massacrando minha bunda e minhas costas. Embora tenha 26 anos, minhas costas já doem, e não quero saber como ficará mais tarde…
O ônibus? Atrasado, como de costume, e um mesmo pensamento latejando as veias do meu cérebro, consumindo minhas entranhas e o pouco de amor que eu tinha naquele momento. Ah, cansaço, o que não fazes na mente e no corpo desses pobres sofredores?
Fiquei observando o caos daquele lugar enfumaçado pelos anseios de ir embora para casa e pelas maldições de irem para o trabalho, que enchiam o lugar com uma fumaça cinzenta, que a medida que o vento soprava, forçava-nos a inalá-la, e ruir com nossos pulmões tão cansado de tossir o cigarro.
Em meio ao burburinho incessante nos ouvidos, que sabia que tornaria a escutar enquanto estivesse dormindo, notei as pessoas do lugar. Em uma pastelaria, todos honravam serem animais da raça humana, e lutavam corpo a corpo para conseguir comprar um pastel, para encher-lhes de carboidratos, fazer a barriga parar de gritar por comida, que por sua vez,fazia eles gritarem pelos seus pastéis, virar energia pro corpo, e depois sair como merda pelo anus, naturalmente reconhecido como cu, onde pelo menos esse tipo de podridão pode sair. Era só mais um palco da natureza do homem.
Enquanto prestava atenção na selva que criamos para nos mesmos, um petiz puxou-me a manga da camisa, seus olhos eram grandes, fundos, castanhos, avermelhados e assustados, não era difícil ver nos olhos daquela criança o tanto que coisa que já tivera visto, tinha os cabelos encrioulados, tal qual os demais daquele lugar, e as unhas já grossas e partidas; seu corpo era magro, sua pele era escura como a íris dos olhos; de branco ele só tinha os dentes, que mais tarde se tornariam amarelos, e a sua inocência, que mais tarde seria roubada.
- Tio, pode me ajudar e comprar uma jujuba? É pra ajudar minha…
Interrompi-lhe antes que terminasse de contar seus males
- Quanto é?
Seus olhos se ascenderam, provavelmente se imaginou na selva da pastelaria, gritando por um pastel.
- 3 por 5.
Dei-lhe 10 reais, ele já ia me dando seis pacotes daquele doce colorido, mas impedi, queria que ficasse com os outro 5 reais.
Não agradeceu, apenas guardou o dinheiro olhou-me uma ultima vez, mas vi nos olhos daquele menino, toda a gratidão de uma criança. Saiu.
Acompanhei seus passos, e mais a frente, seu sorriso se ascendeu, começou a correr atrás de algo, reconheci um saco plástico sendo carregado pelas partículas de fumaça sopradas pelo vento, ele pulava e tentava alcançá-lo, ria enquanto aquele brinquedo forjado dançava como uma bailarina de corpo esbelto, ou como as estrelas no céu, e ele dançava junto, nos seus saltos em meio a multidão rezando suas preces, eu conseguia escutar a música, provavelmente algo de Tchaikovsky, que acompanhava os dois, esbarrava nas pessoas e essas insultavam-lhe, mas o volume de suas gargalhadas não o permitia escutar. Porém, o vento parou e o saco caiu no chão.
O menino percebeu que o saco plástico não era um balão.
E sua alegria, de pronto, acabou, assim que o vento parou de soprar.
Teus lábios roçavam os meus, roubando-lhes a cor. Tuas mãos percorriam minha tez lívida, fazendo-a viver novamente. Nos amando, nos tornamos um só. Fi-lo conseguir o que quisera. Terminamos. Parti.
Tentara impedir com que eu fosse, agarrou meu braço e perguntou-me:
- Quem és tu? Conte-me tua história.
Mas que pergunta audaciosa, no entanto, respondi.
- Escute o vento, ele dirá quem eu sou, escuta tudo o que ele tem a te dizer. Pergunte ao vento e saberás mais do que eu. Tenho muitas penas, mas estão todas voando por ai.
Corri. O mais rápido que pude. E minhas poucas penas ficaram para trás, caindo uma por uma, cobrindo a pista com aquele resto de mim. Parara um pouco, e tentara recuperar o fôlego, meus joelhos traíram-me e jogaram meu corpo no chão, mas por lá mesmo fiquei. Meu corpo traiu-me novamente e fez com que saísse sangue transparente e salgado dos meus olhos, chorara por um tempo, sangrara por um tempo, com minhas penas brancas ao redor.
E é assim toda vez que fiz sexo, desde que saira de minha áurea imaculada, de uma bela virgem de tez lívida, a mulher de ambição dos românticos. Perdi minha inocência junto de um sangramento vaginal da primeira vez, e desde então, venho sangrando após as outras vezes. Meu corpo se retrai, e choro por todas as mentiras, e choro por todas as vergonhas, e choro pelo que perdi, e choro pelo prazer que causei, e choro pelo êxtase que sentiram.
E choro por minhas penas nascerem pretas.
E choro pela poesia que perdi.
Como todo sábado preguiçoso, o almoço era inexistente em casa e então recorríamos a bares com self-service. Já era tarde e uma avalanche de pessoas na mesma preguiça que a nossa já tinham levado a comida, sobrando-nos os restos. Mas o que a fome não transforma em uma arte gastronômica?
Pois bem, colocamos nossos restos e sentamo-nos naquelas mesas amarelas com cadeiras que ao entardecer se empilham e formam tronos gloriosos para qualquer criança. Na mesa à frente, dois homens e um menino estavam sentados há muito tempo. Os homens já tinham formado uma fileira de garrafas de cerveja no chão, suas vozes denunciavam, falavam mole e arrastado.
Como alguém que assiste televisão enquanto almoça, eu fiquei assistindo aos dois conversarem e mesmo estando diante dos olhos deles, não perceberam minha intromissão.
O mais velho tinha olhos azuis e um cabelo longo e castanho, calças características da feira e uma blusa de botão, era o porta voz da situação e narrava suas estripulias enquanto o álcool afetava seu sistema nervoso. E assim dizia, com maior orgulho.
- Uma vez, estava em uma festa de 15 anos, comprei um colar de beija flor muito bonito, e fui entregar para a aniversariante, me desequilibrei e cai em cima dela. Aqueles “icebergs” amorteceram minha queda, mas não garanto a dela – e riu ao lembrar-se da garota, impecavelmente bonita caída no chão, com um bêbado e um beija flor em cima dela – todos me perguntavam se eu não senti vergonha, mas que vergonha teria para sentir? Ela já estava no chão e eu, cheio da cana, para sentir vergonha de ter caído.
Os dois riram até os olhos lacrimejarem, da pobre aniversariante que no mesmo momento poderia estar amaldiçoando o infeliz que caiu em cima dela. E riram mais um pouco da cena.
E pararam de rir, e não acharam mais graça, e não esboçaram mais nenhum sorriso. Cada um olhou para um pedaço do céu pintado acima, e seus olhos entristeceram, seus sorrisos murcharam e lembraram-se de tudo que o amigo álcool tinha apagado de propósito. Eles não gostavam daquela realidade, tão sóbria, tão cruel, e tão injusta com dois bêbados de sábado à tarde. Essa tal vida era melhor sem a tal vida.
Os olhos saíram das nuvens e entraram no olhar de cada um deles, e sabiam do que precisavam. Sorriram novamente, levantaram mais um copo cheio daquele suco amarelo, espumante e esquecedor, esquecendo a dor, bateram os copos ao alto, e com um pouco derramando em suas mãos, colocaram tudo aquilo para dentro de seus corpos, e novamente, esqueceram.