Esses teus olhos de Capitu, nada eram além de um reflexo da ressaca de tristeza da tua alma. Seu silêncio é um pêndulo que oscilava, e o que eu sempre fiz foi me agarrar a esse pêndulo, escutar as batidas, ouvir teus minutos.
Passamos das horas.
Assim é a tua música, uma pianista que enche a alma dos ouvintes com sua canção surda, por seus dedos percorrendo as teclas sem pressioná-las. Essa é sua beleza, é o que não conseguimos entender, e eu me fixei no que queria tentar estudar.
Mas no momento que a luz se apagou, eu me perdi, só o que escutava eram teus passos no escuro, dançando mais uma valsa surda e triste. Quando finalmente alcancei-te, teu braço em um rápido movimento desvencilhou-se e tua dança prosseguiu; sua boca proferiu um adeus e eu soltei um grito abafado, por ver-te ir embora entre os meus dedos, como uma mão que agarra um punhado de areia, e essa lhe escorre pelos dedos.
Mas ainda dançaremos juntas, e assim será quando as abelhas pararem de zumbir, escutarás o bater das asas das borboletas em tua cabeça, e todo o fel virará mel. Porque teu pecado, minha querida, é amar. Suas penas estão caindo, pois elas ainda estão sendo trocadas, e quando não tiveres mais um rastro de suas penas sujas pelo mundo, estarão todas fincadas em teu corpo, e inteiramente brancas. Mas enquanto isso, continuarás em teu castigo por ter uma alma amarela, continuarão a te açoitar por amar tanto assim.
Eu quero, minha menina, que guardes penitente o teu sorriso, que eu tanto amo, e que é de beleza indescritível para mim. És uma ébria pela amásia da arte, tinhas a ressaca em teus olhos. Não querias ser a escritora da palavra bonita, sempre foste uma trovadora da poesia da vida.
E por mais que estejas longe de mim, eu irei esperar o dia do teu regresso com uma estúpida alegria, minha querida,ver tua pele tão alva quanto tuas penas serão e respirar a poesia que exalas, iremos reviver nossos momentos, e iremos viver de novo.
Eu te amo desde sempre, Ju