Teatro Dos Vampiros
Apenas os últimos e eternos suspiros.
terça-feira, 12 de junho de 2012
Poesia figurada.
domingo, 15 de janeiro de 2012
Pisces
Um peixinho me pediu para escrever
Pena que com palavras não sei lidar
Elas dançam na frente dos meus olhos
E escorregam das minhas mãos
Quando eu acho que as tenho
Elas se transformam em sabonete
Então, perdoa-me, meu adorável peixinho
Volte para seus rios, lagos, mares
Profundos como você,
E eu voltarei para a minha solidão
Roubando as palavras dos outros
Roubando até as vírgulas
E no dia que todo esse universo de pontos for meu
Convidar-te-ei para voltar a tentar o ar.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Atepac
Em crentes
Eu cri
De crentes
Fugi
Depois do pacto
Com Satanás
Eu o venero
Apraz
Religião é isso
Amar o iscariote
Encoberto com
Os holofotes
Religião é assim
Do bem
Queremos o mal
AMÉM!
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Calhorda
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Cores
De um jeito romântico, estava sentado no cemitério sentindo cheiro de Lord Byron, enquanto minhas lágrimas apostavam corrida com a chuva, e ainda não sei quem ganhava.
Vi as flores brancas que colhi para celebrar nosso funesto noivado. Vi sua foto, preto e branca, bela como sempre lembraria.
Ao levantar os olhos de tão fúnebre contemplação, as flores, antes matrimonialmente brancas, estavam cinzas, e não só as flores, as árvores, a terra, os túmulos, minhas mãos, tudo. Não conseguia mais distinguir cores, passei a viver dentro da televisão de antigamente.
Engraçado o mundo sem cor! É viver dentro de uma fotografia séria; passar minutos esperando, até cansar de sorrir, para finalmente ter seu rosto estampando na eternidade de um papel, com feições rígidas do cansaço. Acho que vivi sorrindo com você todos esses minutos, e agora era hora de viver a realidade nas cores que ela é.
Mas não! Não era isso que eu queria! Eu queria as cores, sentia saudade do azul! Mas o que seria do amarelo? Sentia saudade de todas as cores, menos do preto e do branco, que se resumem em cinza, pois era só eles que eu conseguia ver.
Lutei, corri, gritei. Clamei para que as cores voltassem pra mim. Chorei para ver se as lágrimas lavariam meus olhos (ou minh’alma). Não consegui.
Queria o céu, o sol, a lua, a grama, as flores, as folhas, você. E não tinha nada disso.
Percorri o caminho cor-de-mímica até chegar em casa, as pessoas que passavam ao meu redor, olhavam-me com misericórdia desbotada, e falavam em sanatório. Cheguei em casa, sem saber o que fazer, e vi uma de suas bonecas que chorava um chorinho manso de neném; peguei o falso neném, objeto de trabalho de crianças escravas aprendendo a ser mãe, cortei-lhe o ventre, com uma tesoura (bisturi) e achei seu choro, achei o saquinho que fazia o neném sentir fome e rapidamente ser saciado com comida imaginária. Peguei o Saco de Choro, joguei no chão, pisei, joguei na parede e esperei escorrer sangue.
Não escorreu sangue.
E vagarosamente, as cores foram retomando ao meu olho, uma por uma, primeiro o verde, azullilássalmãocresmeraldamarelolivazul, bem frouxamente, fui voltando às cores.
Quanta felicidade, meu amor! O mundo inteiro voltou aos meus olhos.
Menos você.
Precisei tirar a chance de choro de um neném, precisei ser mau! Ou bom, já que o neném não terá mais como chorar. Acho que preciso mesmo de um sanatório, hospício, ou manicômio, tanto faz.
Mas Deus que me livre de uma casa de doidos! Que de doidos já bastam todos esses normais.
sábado, 10 de setembro de 2011
Sutileza
Não agüentei ver os olhos dela se fechando tão rápido e tão devagar.
“Por que você tá sempre com sono?”
Ela sorriu, assoprou suavemente meu rosto e respondeu:
“Eu sou o sono.” E continuou a sorrir.
E por um momento, eu senti um pouco daquele sono lamber minha face, senti o sono dela, e quis fechar meus olhos, como ela.
Mas quando esse feitiço passou, olhei para aquela pele alva, que tanto gostava de ver roxa, e senti vontade de bater nela. Vi aquele sorriso branco, tímido e lindo, e quis quebrar seus dentes. Vi seus olhos com olheiras inefáveis, e quis aumentar aquele purpúreo. Só por ela ter feito essa brincadeira infantil, e eu ter caído. Não fiz nada disso, assoprei suavemente o rosto dela e disse:
“Eu sou a raiva”
E não sorri. Tampouco ela sorriu.
Porém, ela olhou nos meus olhos, que diferentemente do dela, eram injetados de sangue, assoprou meu rosto com sua candura vitalícia e disse:
“Eu sou o amor”
Eu olhei para ela, e aquela mulher, aquela menina, era mesmo a personificação do amor. Peguei minhas roupas, bati a porta, fui embora. Nunca mais vi o amor.
Por que eu fui?
Não iria mais enganá-la.
Porque o amor da raiva é o ódio.