quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O quarto branco.

Eu não consigo mais te ver.
O quarto está completamente escuro, e o cheiro que ele exala faz meu estômago revirar. Procuro alguém, mas não consigo ver nem minhas próprias mãos em toda essa escuridão, quanto mais as suas. Tropeço em meus pés, busco algo para me apoiar, e de repente uma luz forte se acende, e eu vejo um quarto todo branco. Um branco engraçado e estranho, um branco com cara de pergunta.
Acenderam-se as luzes do meu interior.
Vi que algo esta acontecendo. Acho que finalmente acordei daquela graciosa quimera, onde eu tinha você, era tudo muito bonito, uma perfeita utopia de cores, e não apenas um branco estonteante.
Em meu mais perfeito pensamento você estava lá, beijando meus lábios, acordando ao meu lado, conversando comigo sobre coisas bobas, afagando meu cabelo, tirando minha roupa, beijando minha face antes de dormir, cantando baixinho no meu ouvido, me fazendo sorrir como criança, fazendo minhas pernas traírem meu corpo, me fazendo gaguejar, fazendo meu coração acelerar tanto, que parecia que eu iria vomitá-lo.
Mas acho que você se foi. Mas acho que você não existiu. Mas acho que você é coisa da minha imaginação.
Como? Eu lembro perfeitamente de você ao meu lado. Acho que tudo não passava de uma brincadeirinha da minha mente, tentando me tirar disso tudo, me tirar desse quarto branco, que eu acho que é de verdade.
Eu consigo tocar nas paredes.

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pê esse: Façam suas apostas sobre o que seria isso. Mas a minha aposta inicial é que o quarto branco é um quarto de hospício, ela é louca, e esse amor nunca existiu, ela o inventou para passar seus dias na solitária.