sexta-feira, 30 de julho de 2010

A sombra do vento.

Já andei por esse caminho diversas vezes, o cheiro oriundo das árvores enchia meu nariz e conseguia lembrar perfeitamente de tudo que passara por aqui. A grama roçava no meu pé e o orvalho o molhava, o sol tão claro cegava os olhos até que se acostumassem com a claridade.
E ao longe, escutei o som de um cavalo trotando, e fiquei olhando ate conseguir identificar algo, e logo vi o pomposo cavalo branco que vinha correndo com todo o seu porte e elegância, sua crina balançava com o vento, mas o príncipe que estava em cima do cavalo me chamou atenção, tão esnobe e tão bonito, esbanjava toda a classe que podia, e sorria para mim, um sorriso debochador e convidativo.
Mas subitamente o cavalo arriou e o príncipe foi arremessado de encontro ao chão, o seu grito de dor encheu os ouvidos do lugar, ele clamou por ajuda, e eu mandei ele ir se foder.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Contesta agora filho da puta.

Acordava pra almoçar, almoçava pra dormir. E então depois do sono, vem a fome.

É shacal, você manda bem.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Nemo.

Receber aquela noticia foi pior do que se tivessem tirado meu coração do peito, embora a dor tenha sido a mesma. Uma última semana que me restava com meu amor, uma semana, apenas mais sete dias antes dele deitar no seu leito eterno.
Não agüentaria mais ficar ali, sai correndo desesperadamente porta a fora. A gélida chuva caia sobre meus ombros e fazia com que meus ossos reclamassem do frio, mas eu pouco me importava, queria ir correndo ao encontro dele o mais rápido possível.
Mas porque tanta pressa? Ao vê-lo meu coração iria pairar quieto no meu peito, e eu controlaria minhas lágrimas, para não deixá-lo pior. Ter ido ao médico era desnecessário já que seus últimos dias estavam estampado em seu corpo moribundo, mas eu me recusava a acreditar naquilo, pra mim, ele ainda estava perfeitamente bem, saudável como nunca. Oh doce e mera ilusão que assombra o meu interior, e me faz acreditar em algo que simplesmente nunca existirá.
Mas não me importava com nada disso, corria o mais rápido que podia,corri até sentir meus músculos queimarem de cansaço, mas isso não me pararia, a vontade de ver meu amado era mais forte. A chuva e as lágrimas cegavam meus olhos, já estava correndo por puro instinto, apenas lembrando o caminho de casa, lembrando dos dias que passeávamos ali, embaixo de um sol forte, tomando sorvete e rindo de tudo, rindo como se a vida fosse uma simplória brincadeira, e doenças não existissem, e a morte não existia naquele momento.
Virei aquela dolorosa esquina, e cheguei na porta do nosso apartamento. Nesse momento, eu parei de correr, deixei minha respiração furiosa se acalmar e subi as escadas vagarosamente e silenciosamente. Abri a porta que tantas vezes foi aberta enquanto eu estava nos braços dele, ele beijando suavemente meus lábios, e depois entravamos, com ele cantando uma suave canção para mim.
E escutei aquela suave canção ao entrar no nosso apartamento, ele estava deitado no quarto, cantando com sua doce voz, embora já não tão doce, suas cordas vocais estavam cansadas, mas ele não se importava com a morte, cantava do mesmo jeito. Nunca havia imaginado que um dia iria doer tanto escutá-lo cantando.
Entrei no quarto e ele sorriu pra mim, seu sorriso me encantou tal qual a primeira vez que o vi, e sempre me encantará nas minhas mais doces lembranças. Seus olhos brilharam ao me ver, e eu sorri de volta pra ele, por sorte meu sorriso saiu espontâneo. Sentei ao seu lado na cama, e ele disse “olá amor” naquela voz cansada e arrastada, meus olhos se encheram de lágrimas, por ver tanta vivacidade escapando a cada suspiro que meu querido dava.
Porque diabos iriam tirar ele de mim? Nunca em minha vida fui capaz de amar tanto alguém quanto eu o amei, porque ele tem que se deitar para sempre e dormir eternamente? tenho muito medo de olhar pro lado, por meros segundos, e quando olhar para ele novamente, não o ver mais ali.
Recostei minha cabeça no seu peito, ele arfou, um pouco de dor, mas no momento que eu iria sair dali ele me impediu, não segurei minha dor, e toda a tristeza que sentia escorreu dos meus olhos com voracidade, ele afagou minha cabeça, e disse lentamente “ vai ficar tudo bem, minha querida”. Sua mão gelada caiu pro lado, e quando eu olhei para a feição tranqüila do meu eterno amor, já era tarde demais.